segunda-feira, 7 de outubro de 2013

A Revolução e suas facetas...a tendência como expressão natural do processo evolutivo do homem e da sociedade.


Para os que estão atônitos assistindo às manifestações, é interessante, empolgante e normalmente o que chama a atenção, porém esta não é a única estratégia de mudança que está acontecendo.

Esta situação vem de um processo de colapso que a muito era prometido. Naturalmente, tentativas de se mudar na base do choque um sistema que a muitos anos vem trazendo os reflexos sociais (os quais nem preciso citar) iriam acontecer uma hora ou outra. Porém, num universo macro, vemos que isto é uma parte de uma nova tendência social.

Tendências, por natureza, são completamente descentralizadas e em uma organização caórdica, orgânica, e aparentemente imprevisível.  Entretanto, desta vez, além de isto ser uma natureza deste tipo de processo, a nova tendência traz como um dos seus enfoques a própria descentralização...ou seja, os novos cenários a partir do amadurecimento da tendência é que as pequenas células de ação se tornem também descentralizadas e interconectadas, ao contrario das tendências anteriores.

Sei que isto parece confuso mas este fator será um grande diferencial quando todo este "boom" de acontecimentos "revolucionários" diminuir.

Quanto as diferentes áreas de abrangência deste processo de revolução, podemos classificar as ações em três vertentes diferentes:

"Projetos de Mão" - É exatamente o que você está vendo na mídia e que muitas vezes é tratado como o grande responsável pelas revoluções históricas. São as manifestações, a militância, a barreira...ou seja, a mão de todo o organismo revolucionário que tem como objetivo impedir que "a coisa fique da maneira como está"...normalmente, em momentos de "explosão" deste tipo de movimento, podemos ver as mais diversas formas de expressão, desde as formas lúdicas e criativas, as "não violentas" e as "violentas", estas últimas, normalmente, as mais evidenciadas pela mídia tradicional. (pesquise sobre manifestações não-violentas na internet e veja o número de movimentos que usam este conceito de forma adequadamente teorizada e seus resultados). São de extrema importância pois levam a toda sociedade uma nova consciência, a partir da evidencialização dos problemas que a sociedade enfrenta.

“Projetos de Cabeça” – Projetos de organizações não governamentais, Movimentos, Grupos Filantrópicos de vários segmentos, buscam melhorar as condições de vida da sociedade dentro do sistema atual, apresentando propostas de soluções na forma de projetos. A grande maioria dos institutos, associações, fundações e etc. Normalmente esta parte, em específico, tem uma natureza mais centralizada e uma organização mais “cartesiana”.  São de grande importância no desenvolvimento de todas as classes sociais dentro do atual paradigma, diminuindo a desigualdade social, problemas ambientais e várias outras questões associadas as mesmas.

“Projetos de Coração” -  Tem algumas semelhanças com o anterior, no que concerne a estrutura “burocrática” de uma instituição porém, normalmente a gestão interna real destes grupos as metodologias são diferentes, com sistemas de decisão em hierarquia horizontal e modelos “auto-gestionados”. Estas organizações partem de uma compreensão que projetos socioambientais podem ajudar determinados problemas pontuais, mas não são suficientes para mudar o contexto global.  Grupos e movimentos desta vertente propõem novos paradigmas sociais, novas cosmologias, como medida para solução dos problemas socioambientais e econômicos. Normalmente, nestes núcleos de ação uma característica muito evidente é a transdiciplinariedade. Em seus projetos, envolvendo áreas relacionadas a “auto-conhecimento”, saúde, sustentabilidade e disciplinas tradicionais como administração, gestão, economia entre outras, atuando de forma conjunta. 

Através de ações transdisciplinares e do desenvolvimento de novas ferramentas de gestão e comunicação, procuram “desenhar” com diferentes estruturas sociais e organizacionais para auxiliar a todos, cada um da sua forma, na transição de  paradigma.
Um dos melhores exemplos de projetos desta vertente são as ecovilas, onde o foco na qualidade das relações (seja consigo mesmo, com seu comum ou com o meio ambiente como um todo) é uma das maiores marcas. Além deste exemplo podemos citar projetos de feiras de trocas, economia solidária e projetos como o Educação Gaia, que envolve uma série de disciplinas como as anteriores com o enfoque na melhoria destas relações, apresentando novas propostas modelos socioeconômicos, técnicas de meditação, bem estar e de desenvolvimento de uma comunicação mais efetiva, como a Comunicação Não-Violenta entre outras disciplinas. Além disso, salientam a importância da interconectividade entre elas, bem como um modelo de compreensão do sistema, tomada de decisão e desenvolvimento de projetos focados não apenas no nosso lado "intelectual" como também através da atenção a questões interiores, a conexão com o "coração", o lado emocional, lúdico e intuitivo.

"Você nunca muda as coisas lutando contra a realidade existente. Para fazer as coisas mudarem, construa o novo modelo que fará com que o modelo existente se torne obsoleto." Buckminster Fuller

A frase acima resume de forma simples o momento em que os projetos de cabeça se encontram, porém, mesmo grupos que têm o foco nesta vertente de ações, sabe a importância das duas outras.

É importante frisar que nenhuma é mais importante que a outra. Mesmo uma sendo mais efetiva que  outra dentro em determinados contextos, em um “macrocosmo” cada tipo de projeto/movimento tem características fundamentais para o sucesso no processo de mudança.

Além disso, cada projeto/movimento tem seus processos de expansão e contração, onde aprendem e amadurecem a cada estágio do mesmo. Consequentemente, todos estes vão atingindo níveis de efetividade cada vez maiores.

 Isto é um fator natural e se deve ao fato de que a cada dia as pessoas se tornando mais conscientes da complexidade do sistema e vão aprendendo ferramentas para trilhas novos rumos de desenvolvimento.

E, como tendência, tudo isto flui...uns aparecendo mais nas diferentes mídias, outros menos e alguns nem sequer sendo comentados, apenas fluindo e movimentando todo o sistema...sem nomes...sem institucionalizações...movendo-se em rede, de maneira completamente descentralizada e caórdica...assim como é a natureza do universo e da evolução.

Por isso que posso adiantar que esta é uma batalha que já vencemos pois, pequenos grupos, células podem ser contidas, suprimidas, mas não podem conter a tendência global de transformação do sistema, pois ela é um reflexo da expansão de consciência e transformação do próprio homem.


“Somos nós temporários em um processo de fluxo”